No início desse mês a ANVISA aprovou o uso da Liraglutida (Saxenda®) para o tratamento da obesidade em jovens entre 12 e 17 anos. Desde 2016 seu uso já era liberado para pessoas acima do peso com idade a partir de 18 anos e o Brasil passou a ser o primeiro país do mundo a ter essa aprovação regulatória.
Embora o uso de Liraglutida em adolescentes já ocorresse na prática, baseado nos dados do estudo SCALE Kids que mostraram segurança e benefícios desse medicamento na população mais jovem, a liberação do seu uso por parte da ANVISA trás mais confiança aos pais na hora de optar pelo uso desse medicamento contra a obesidade.
Mas é correto prescrevermos medicamentos para perda de peso para pessoas tão jovens? Não seria um exagero?
Muitas vezes o senso comum tende a imaginar os medicamentos como algo repleto de riscos e efeitos colaterais e que o organismo dos adolescentes não suportaria as reações adversas. Daí uma certa resistência ao seu uso nos mais jovens.
Entretanto, devemos lembrar que nos últimos 30 anos o número de adolescentes com obesidade mais que triplicou em todo o mundo! O fácil acesso aos fast-foods, alimentos altamente processados e calóricos além de mudanças comportamentais dos adolescentes, que cada vez passam mais tempo sedentários na frente da tela do computador ou da TV está transformando a obesidade em um dos maiores problemas de saúde na população pediátrica.
E esses jovens obesos se tornarão diabéticos, hipertensos, com aumento de colesterol ruim muito antes do esperado e, por fim, acabarão por ter graves complicações cardiovasculares e mesmo óbito antes dos 40 anos de idade, faixa etária até então inimaginável para essas doenças.
É óbvio que somente medicamentos para obesidade não farão milagre, é necessária uma profunda mudança de estilo de vida, com atividades físicas regulares e alimentação saudável para toda a vida. Porém, devemos encarar a obesidade como uma doença complexa e que, em muitas situações, deverá ser tratada com medicamentos apropriados.