O exame de Densitometria Óssea é essencial para avaliação do metabolismo ósseo. Através deste exame, podemos determinar como vai a saúde do esqueleto, se estamos ganhando ou perdendo massa óssea, e isto é fundamental para o acompanhamento de doenças como a osteoporose e de pacientes com maior risco de desenvolver este problema de saúde, que pode se tornar muito grave e incapacitante por conta de suas consequentes fraturas.
Como o nome sugere, este exame quantifica a densidade óssea ou a quantidade de osso medida em uma determinada área do esqueleto. Quanto menor a densidade, mais frágil se torna o osso e mais suscetível ele se torna a fraturas. No caso da osteoporose, mais poroso ele fica, ou para facilitar nosso entendimento, acaba como um pedaço de madeira “comido” por cupins!
Como é feito o exame de Densitometria Óssea?
Trata-se de um exame de imagem realizado através de um aparelho de densitometria, que irá medir a densidade óssea de 4 locais diferentes do esqueleto: coluna lombar, fêmur proximal (parte do fêmur que integra o quadril), rádio (osso do antebraço – mede a densidade de uma região próxima ao punho) e também pode ser feita a medida do corpo inteiro, no caso de investigação de doenças osteometabólicas em crianças. Mais comumente é feita apenas a análise da coluna lombar e do fêmur proximal.
Existem outros tipos de aparelhos que medem densidade óssea de outros locais, como calcanhar, por exemplo, que por serem menos utilizados não serão aqui descritos. Da mesma forma, os equipamentos de Densitometria Óssea poderão avaliar outros parâmetros, como composição corporal de massa gorda, massa magra, etc, que escreverei sobre este assunto em outro artigo em breve.
O paciente permanece deitado, como na foto acima, ou com o braço apoiado sobre a maca do equipamento (para medida de densidade do rádio) e as imagens são adquiridas através de uma técnica chamada DXA (absorciometria por dupla emissão de raios X). É um exame rápido, indolor e, o mais importante, seguro, pois utiliza uma quantidade muito baixa de radiação, de tal forma que não é necessário uso de vestimentas de proteção contra radiação.
Para quem está indicado o exame de Densitometria Óssea?
As principais indicações para solicitação do exame de densitometria óssea são:
– Mulheres com idade ≥ 65 anos
– Homens com idade ≥ 70 anos
– Mulheres acima dos 40 anos, na transição menopausal e homens acima dos 50 anos, que possuam algum fator de risco para evoluir com osteoporose, tais como os portadores de:
- Doenças endocrinológicas como: hipertireoidismo, diabetes, deficiência de hormônios masculinos ou femininos não tratados (hipogonadismo), portadores de Doença de Cushing (produção excessiva de cortisol), deficiência de hormônio de crescimento (GH), excesso de hormônio das paratireóides ou PTH (hiperparatireoidismo).
- Insuficiência renal e do fígado (cirrose)
- Doenças ou situações gastrintestinais que levem a redução na absorção de cálcio e vitamina D, tais como: Doença de Crohn, Doença Celíaca (intolerância grave ao glúten), pós-operatório de algumas modalidades de cirurgia bariátrica (neste caso, inicia-se o acompanhamento com densitometria a partir do segundo ano após a cirurgia, independentemente da idade).
- Doenças reumáticas como artrite reumatoide, lúpus e espondilite anquilosante
- Tabagismo
- Alcoolismo
- Histórico pessoal de fraturas de baixo impacto
- Histórico de osteoporose de surgimento precoce ou fraturas de baixo impacto em familiares de primeiro grau.
- Uso de medicamentos que aumentem o risco de osteoporose, como corticoides, fenitoína, fenobarbital, usuários de alta dosagem de hormônios tireoidianos (ex: em alguns pacientes em seguimento de câncer de tireóide), etc.
- Outras doenças e situações: Anorexia, imobilização prolongada (ex: pacientes sequelados por doenças neurológicas e acamados), AIDS, pacientes transplantados, câncer com metástases ósseas, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC – “enfisema”), Mieloma Múltiplo, pacientes muito magros (peso < 50 kg), etc.
– Acompanhamento de pacientes em tratamento medicamentoso para osteoporose e osteopenia (perda de massa óssea menos acentuada e que antecede a osteoporose), com a finalidade de monitorar a eficácia da terapia proposta.
– Mulheres que interromperam terapia de reposição com hormônios femininos após a menopausa.
Para pacientes que tem indicação de realizar Densitometria Óssea, o seguimento através deste exame deve ser feito anualmente, ou em intervalos mais curtos em casos excepcionais.
Como interpretar o exame de Densitometria Óssea
O exame de Densitometria Óssea utiliza 3 parâmetros de medidas: T-Score (compara a densidade óssea do paciente com a média da população adulta jovem), Z-Score (compara a densidade óssea do paciente com a média de sua própria faixa etária) e Densidade Mineral Óssea (DMO – em gramas por cm²). O parâmetro mais utilizado é o T-Score, que adotamos para mulheres acima dos 40 anos de idade e homens acima dos 50 anos de idade, e pode ser interpretado da seguinte maneira:
– Exame normal: T-Score entre +1 e -1 desvio-padrão (DP)
– Osteopenia: T-Score entre -1 e -2,5 DP
– Osteoporose: T-Score abaixo de -2,5 DP
Já para avaliarmos a evolução da densidade óssea ao longo dos anos, utilizamos a medida de Densidade Mineral Óssea (DMO), para sabermos se estamos ganhando ou perdendo massa óssea, entretanto é importante o paciente saber que, para obtermos esta comparação…
O exame de Densitometria Óssea deverá ser sempre feito no mesmo equipamento!!!
E, preferencialmente, pelo mesmo técnico em densitometria. Isto porque, cada equipamento de cada serviço que realiza este exame apresenta diferenças de calibragem para aquisição das imagens. É como se pesar em várias balanças seguidas, cada uma com calibragens distintas e que, muito provavelmente, irão informar diferentes medidas de peso, com pequenas variações.
Porém, no caso da densitometria, estas mínimas diferenças podem interferir em muito na análise comparativa entre os exames. Nestas situações, o médico acaba sem saber com exatidão se um paciente está respondendo bem ou não a um determinado tipo de tratamento, ao comparar exames de equipamentos diferentes, por exemplo.
Entretanto, em alguns casos, é necessário mudar o serviço onde se realiza o exame, principalmente se a qualidade do exame feito for inadequada (ex: mau posicionamento do paciente na maca, erros grosseiros de interpretação, etc) e, nestas ocasiões, é preferível iniciar um novo seguimento em um serviço qualificado para este tipo de exame.
A Densitometria Óssea não deve ser feita em gestantes, em pacientes que fizeram algum tipo de exame que utilizou contraste nas últimas 72 horas, com uso de próteses e outros artefatos ortopédicos (nestes casos, obtém-se imagem de outra parte do esqueleto sem estes artefatos, por exemplo, troca-se uma coluna com placa e parafusos pelo osso rádio – não esqueça de mencionar se possui algum material ortopédico no dia do exame) e pacientes muito obesos que ultrapassem o limite de peso do equipamento (faz-se apenas a avaliação do osso rádio com apenas o antebraço apoiado sobre o aparelho).
Caso tenha dúvidas sobre densitometria, consulte um médico especializado no assunto. Este é um exame relativamente acessível e que todos devem ter uma mínima noção de sua importância. Não subestime a osteoporose e suas complicações!
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